Diana Sanches. Uma rapariga aparentemente normal. Mas a realidade era bem diferente. Era uma emo. Cortava os pulsos. Era reservada, introvertida, não se dava com ninguém.
Certo Verão, seus pais decidiram mandá-la para um Campo de Férias. Tinha 16 anos.
O Campo de Férias era misto e tinha crianças e adolescentes de todas as idades. Ela isolava-se sempre de todos e também ninguém se preocupava muito com ela.
Certo dia, estava a passar pela piscina, sem intenções de entrar. Nem estava vestida a rigor para uma piscina. A certa altura alguém a empurra para dentro de água. Na parte mais funda. Diana reage mal e começa a afundar-se. Todos começam a rir bandeiras despregadas e os monitores começam a discutir sobre quem vai salvar a adolescente.
Um rapaz moreno e de pele escura, despe a camisola e atira-se à piscina. Salva Diana no meio da confusão.
- Obrigada - diz ela, muito baixinho. Muito envergonhada.
- Não tens de quê - o seu sotaque era estrangeiro. Latino. Mas não português.
- És mexicano? - arriscou Diana.
- Oh, não! Sou espanhol. Para além de gostar mais de novelas do que de touradas. Já agora sou o Javier.
- Diana.
Diana vai-se embora em silêncio para o quarto mudar de roupa. Passados cerca de vinte minutos alguém bate à porta. Ela mandou entrar, pensando ser algum dos monitores a ver se estava bem. Afinal, era Javier com outro rapaz. Javier era moreno e de pele escura, enquanto o outro rapaz era loiro de olhos azuis, a pele muito branquinha e o nariz e as bochechas muito sardentos. Para além disso, tinham algumas semelhanças: eram altos, magros, atraentes, góticos e, sobretudo, com um ar de quem odiava o mundo.
- Estás melhor Diana?
- Sim, estou. Não te procupes.
- Bem como sabes, chamo-me Javier, Javier Torres para ser mais preciso. Mas podes-me chamar Javi. Este rapaz aqui é o meu companheiro de quarto preferido, o Michael. Ele diz que não é primo da Demi Moore, mas eu não acredito.
- Boa! - disse ela não muito convicta acerca ao que dizer.
- Eu sou Michael Moore, por isso é que ele diz isto. Podes chamar-me Mike se quiseres.
Fez-se silêncio e foi (surpreendentemente) Diana que quebrou o silêncio.
- Muito prazer em conhecer-vos, aos dois, Javi e Mike. - disse atrapalhada esta parte - Calculo que também não estejam a fazer muitos amigos.
Eles entreolharam-se.
- Pois - diz Mike - Somos góticos, somos aquilo e somos o outro. Tivemos sorte em nos encontrarmos.
- E agora queremos tentar ajudar-te. Podemos ser teus amigos e ajudarmos-te a não ficares sozinha e triste?
Ela pareceu surpreendida e traumatizada ao mesmo tempo. Queria sair daquela situação, mas não via como. Infelizmente para ela, teve de responder.
- Bem - disse atrapalhando-se nas próprias palavras - acho que podemos tentar...
Os rapazes sorriram um para o outro e foram abraçar a comparsa.
Passaram todos os dias restantes do Campo de Férias juntos. A relação entre eles melhorou bastante e eram quase inseparáveis. Chegou o fim do Campo e tiveram de se separar: Javi teria de voltar para Bragança, Mike para o Porto e Diana para Almada.
Por muito que quisessem, não conseguiram evitar em trocar os contactos.
Após o Campo de Férias, só se conseguiram reencontar quando foram paar a faculdade. Surpreendentemente, froam todos paar a mesma: a de Medicina. E, paraa grande, enorme e suprema felicidade dos três, ficaram na mesma turma. A partir daí, alugaram todos o mesmo apartamento e mais um sem número de coisas aconteceram entre aqueles três jovens.
Javi e Mike eram os melhores amigos de Diana, mas ela não sentia que eram mais do que isso, nem se sentia atraída por nenhum dos dois. Mas o mesmo não acontecia com eles...
- Diana - começou Javi, que era mais comunicativo e mais à vontade dos três - eu e o Mike descobrimos uma coisa e vimos que a tinhamos em comum. Queremos-to transmtir porque és a nossa melhor amiga e tudo o mais.
Houve silêncio.
- Bem, eu, primeiro, comecei-me a sentir atraído pelo melhor amigo do meu irmão amis velho - o Mike tinha dois irmãos: um mais velho, chamado Gabriel e um mais novo chamado Harry - que se chamava Luís. Ele mal me falava e nem queria saber de mim. Resolvi desistir dele uns dois anos depois. A partir daí não me senti atraído, nem me envolvi amorosamente. Conheci o Javi e achei-o engraçado. Mas no início, só queria a amizade e somos e sempre seremos grandes amigos. Mas, desde há uns anos atrás que me tenho sentido bastante atraído e apaixonado por ele. Sabia que ele não me julgaria nem deixaria de ser meu amigo se eu lhe dissesse que estava apaixonado por ele e sobretudo que era homossexual. Tomei coragem e falei com ele. Ao início, ele ficou um pouco assustado, mas depois explicou-se. Afinal, ele também sentia o mesmo por mim.
Houve um grande e profundo silêncio. E depois Diana começou a rir-se. Javi e Mike começaram a entreolhar-se assustados.
- Oh meus lindos! O que vocês estão-me a dizer é que são homossexuais e que estão apaixonados um pelo outro? - eles assentem ao mesmo tempo - Isso é tão bom! Vocês fazem um par lindo e perfeito e vão ser tão felizes juntos! Já namoram?
- Queríamos saber a tua reação para vermos se aprovavas ou não.
- Eu não decido coisa nenhuma a ninguém. Eu não vos quero influenciar. Mas já que vocês dizem que precisam da minha opinião para namorarem, então estão mais do que aprovados! Namorem e sejam muito, muito felizes. Merecem, a sério.
Eles beijam-se.
- Obrigado Diana. - diz Javier - Agora só restas tu a arranjar alguém.
- Miúdos, não se preocupem comigo. Quando acontecer acontece.
Esse dia não estava muito longe. Um ano depois, Javier e Michael casam-se. Diana foi. E até foi madrinha do casamento, para sua grande felicidade. O padrinho foi Gabriel, o irmão de Mike. Da sua familia, foi o único que apareceu. Os seu pais não aprovaram a sua homossexualidade e Harry acabara de ser operado e não podia sair do hospital.
Do lado de Javier, apareceram os seus pais e as suas irmãs, que são gémeas, Rita e Sara.
Na Borda D'Água, Diana começou (!) conversa com Gabriel.
- Como preferes que te chamem: Gabe ou Gaby?
- Já me chamaram Gaby, mas prefiro Gabe, sem dúvida. Podes chamar-me Gabe, se quiseres.
Diana estava impressionada com aquele loiro de olhos verdes e cabelos encaracolados. Ele já estivera num Safari, em África do Sul, tinha acabado o curso de Antropologia e era bastante simpático. Estiveram a falar na maioria da festa e até dançaram!
No fim Javier e Michael vão falar com a grande amiga.
- Então miúda, - diz Javier - estou a ver que estiveste muito entretida com certas pessoas.
- Cujas iniciais são GM - remata Mike - De Gabriel Moore.
- Por favor... Só o conheci hoje.
- Pois é! Se quiseres, como estiveste muito interessada nele, e nnão vale a pena desmentir que eu sei que é verdade, enquanto nós estivermos em Lua-de-Mel, eu posso pedir-lhe para vir fazer-te companhia.
- Não, Mikey, não. Nem penses nisso. Ele depois vai pensar que fui eu que te pedi.
- Não vai pensar nada. Por amor de Deus, ele é meu irmão. Eu dou-lhe um sermão se ele pensar nisso. Acho que ele até gostou de ti...
- Ui ui, qualquer dia vamos ao casamento da nossa Diana com o teu mano, Mike.
- O meu irmão esta solteirão e tu estás uma solteirona. Isto vai dar algo...
Na semana seguinte, os recém-casados partiram para lua-de-mel de um mês na Flórida. E Gabriel também se mudara para a casa de Sanches, Moore e Torres.
Começaram a conhecer-se melhor e cativaram-se. Cativaram-se tanto e de tal maneira que passado algum tempo começaram a namorar. E até ficaram noivos!
Quem diria que a jovem e reservada Diana Sanches iria arranjar tão bons amigos e até um noivo? Consequências e proenças que o futuro e o destino podem trazer às pessoas. As aparências iludem. E o tempo muda as pessoas...
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